quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Conversa com Manoel


Tenho encontros diários com as minhas contradições. Despratiquemos então as normas. Não contemplemos as paisagens. Deixemos que as paisagens nos contemplem. Mudemos as coisas de comportamento. Não é uma questão apenas de mudar o nosso olhar, mas sim, de mudar o olhar do mundo sobre a gente, entende a diferença?
É tudo uma descoberta. Não, nada é procurado. É deixar que se compreendam as coisas depois que já foram feitas. Nada de premeditar. E pra quê programar a vida? Você vai passar o resto dos dias pensando: eu se eu tivesse feito de tal forma? E se mudasse os planos?
Não faça planos. Sonhe.
Não tenha saudade daquilo que você não foi. Guarde as memórias em um lugar seguro, se possível a sete chaves. E se apegue a elas se precisar encontrar o rumo de dentro. Desvie dos palpites, e os conselhos, só ouça os de quem te quer bem. E tenha a certeza de que nessa categoria, não são todas as pessoas que se encontram não.
Quer ver?
Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina, e é um paradoxo que me ajuda. Um paradoxo que não se vê, se sente. Que não se explica, se crê. Então seria o caso de que as imagens pintadas com palavras eram para se ver de ouvir, né?
Aja, mesmo que em sua cabeça não pare de soar a frase: “Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância”.Seja por medo, timidez ou mesmo falta de oportunidade. Faça-o então. Não se preocupe com os olhares alheios. Aliás, até se interesse por eles. Deixem que olhem, faça-os olhar, admirar.
Acho que falta ser um pouco mais bocó mesmo. E veja lá, segundo o nosso dicionário, bocó é sempre alguém acrescentado de criança.
Nós não sabemos nada sobre as grandes coisas da vida, mas sobre as pequenas, temos a incrível capacidade de saber menos ainda.
Lembre-se que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. E que a beleza se explica melhor por não haver razão nenhuma nela.
O essencial é ir ao encontro de todos os tesouros da vida, o mapa para chegar até eles já foi descoberto por muitos, mas veja bem, não há a menor graça em revelar. Cada busca é única e faz parte do processo. Não vá atrás de sofrimento, mas se ele fizer parte da conquista, enfrente-o com braveza.
Diga exatamente o que pensa e sente quando alguém te agride sem perceber.
Deixe as lágrimas rolarem livremente. Não regule o tom de voz, nem pense duas vezes antes de bronquear, mesmo correndo o risco de cometer uma injustiça, mesmo que mexicanize a cena. Reclame em vez de perdoar e esquecer, em vez de deixar o tempo passar a fim de que a amizade resista, em vez de sofrer quieto em seu canto.
Continuemos a viver com paixão, no entanto com muito mais equilíbrio, em uma nova composição. Continuemos achando algumas pessoas interessantes, porém não fiquemos mais idealizando a performance delas nas nossas vidas.
Consiga trabalhar com a idéia de que as "coisas" podem e talvez até devam ter o seu tempo determinado. E que você sim, precisa viver feliz pra sempre, até que a morte te separe.

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