quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Revirando

A cada carta era um pedaço meu que ressurgia. Há tanto adormecido levantava-se de prontidão, como quem estivera à espera de alguém. De mim mesma.
Fato é que a inspiração continua a tocar a campainha apenas após as dez da noite. E é então que tudo vira motivo. Os pais percebem os olhos longe. O silêncio conduz a uma série inenarrável de palavras, que parecem já ter nascido juntas. Tudo se encaixa e se forma tão perfeitamente que sou levada a acreditar no tal destino. É sintonia.
A novela, os perfumes, o incenso de morango que perdura.
As fotos no chão criam a atmosfera, aliás, não só uma. São os permanentes sonhos que se mostram agora, ainda mais fortes. É, amadureceram sim.
Mais um daqueles instantes palpáveis, mais alguns nas palmas das mãos, na língua afiada, na extremidade de quem aprendeu que sinceridade é tudo, no coração que não se cabe de felicidade, no sorriso que sempre se elogia, e, mais do que nunca, na ponta da caneta de quem aspira e realiza.

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